COZINHA EMOCIONAL - Noivado e alta gastronomia

Hoje faz um mês que a paz e a aposentadoria de tempos volúveis me arrancaram de sobressalto das garras hediondas da solteirice aventureira, que fazia de meus dias ofício custoso de ser mais lânguido com o mundo feminino, um BOGART kilt e tupiniquim.

Dando continuidade ao meu post de dia dos namorados, (ou dos noivos como preferirem) venho relatar os maravilhosos pratos servidos pela cheff EMILIANA AZAMBUJA em sua COZINHA EMOCIONAL, no formidável menu degustação no dia do meu noivado.

Após todas as delícias já postadas, eis que surge a “textura tentadora”, um bocado de textura de salmão com berinjela, trigo, hortelã e amendoim, servido num triângulo de pão folha pincelado com caramelo balsâmico. Vocês não tem ideia da delícia que é! De comer com os olhos fechados e agradecendo a Deus pela oportunidade.

Após estes acepipes frios, eis que os pratos quentes começam a chegar...

Vem então a colherada de purê de batata com espinafre e lasca de bacalhau azeitadas com alho porro, azeitonas pretas, pimentões e um ovo de codorna.

Delicioso, mas bem convencional.

Logo após chega a mesa abobrinhas moldadas como pequenos ravioles recheados com cream cheese e fungui e outros de shitake, molho de ostra com shoyu e wassabi regados com molho de alho porro. Neste momento a Luisa já estava começando a se satisfazer e eu delirando com a explosão de sabores inebriantes.

Chegam então 04 unidades de Rigatones em marinada Thay com curry, raspas de lima, toque de pimenta e cheiro verde servidos com molhinho de 02 camarões grandes em molho de lagosta com banana da terra, creme de leite fresco, cheiro verde e crocantes de bacon.

A Luisa nesse momento já suspirava e apenas experimentava os sabores, pois estava satisfeitíssima, foi quando eu experimentei uma pimenta dedo de moça e disse que ficava uma delícia com o restante do prato. O romantismo cedeu lugar ao clima quente e desesperador do ardor. A mesma pediu água e me olhava entre brava e assustada com meu inescrupuloso ato.

O problema que eu realmente não achei ardida a pimenta, e não seria tão antirromântico a este ponto (mmmmm....).

Após o susto, nos chega o petit medalhão de filé de frango recheado com lâminas de abóbora moranga, manjericão roxo e cebolinha, servidos com molhinho de avelãs com iogurte e pitada de pimenta cayenana.

Gostei do prato, porém achei duro demais. Nesta etapa a patroa já passou o prato, que por sinal não estava montado à altura dos ingredientes e sabor.

Para finalizar os pratos quentes, eis que nos chega o bombom de filé mignon servido sobre montinho de legumes regados com molho de mandioquinha salsa com tomatinho assado com alecrim e bolinhas fritas de purê de batata.

Muito interessante o prato, bastante saboroso. Mas o montinho de legumes deveria ser chamado de montanha de legumes, e acho que o alecrim trouxe um sabor descabido para o momento, dando a impressão que chegara mais do mesmo. Não despertando meu interesse de saborear o prato até o final. As bolinhas fritas de purê de batata foram um capítulo à parte, pois deram uma nova textura comparados aos pratos até então servidos. Crocantes por fora e cremosas por dentro.

A saciedade já era tamanha, que solicitamos a sobremesa para viagem, a qual saboreamos sem tabus no café da manhã no outro dia, adoçando nosso amor com morangos frescos e suspiros aromatizados com limão Siciliano servidos com mimos para lambuzar essas delícias: Chantily de Limonccelo, ganache ao leite com gin, ganache amargo com whisky, ganache branco com rum e baunilha e caldinho de damascos com água de rosas e especiarias.

Não falemos em valores, pois o que estava em jogo era a felicidade de minha amada em contrair noivado com este cavaleiro reluzente e viril que vos alegra com suas experiências.

Rogério Gonçalves

@rogeriogonps