quinta-feira, 31 de outubro de 2013

L’As Du Fallafel (Paris) – A espontaneidade dos primatas


 Continuando a epopeia de nossos grandes amigos, colaboradores e irmãos de alma e estômago Pierre e Bianca pela Europa  segue mais uma espirituosa e sagaz experiência, desta vez por terras francesas. Aproveitem bastante!


Além de despertar devaneios maliciosos no coração de homens, mulheres e transgêneros, Lenny Kravitz¹ responde ainda pelo aumento considerável da renda mensal de uma família judaica, proprietária de um restaurante chamado L’As du Fallafel, situado à 34 Rue des Rosiers, Marais, Paris.

Quando acordei, era um dia frio e nublado na Cidade Luz. Em nossa programação, conheceríamos um antigo bairro judeu chamado Marais. A dica era simples: andem pelas ruas e sintam a atmosfera histórica e charmosa de um bairro reconhecido pela presença marcante da cultura judaica e em cujas casas a nobreza parisiense se fazia presente, num passado distante que a poeira tratou de cobrir.

Todavia, o mais importante não era nem nunca será a nobreza, mas a comida. E nesse bairro localiza-se um dos maiores representantes do fallafel, um tipo de sanduíche de pão sírio recheado com todos os exemplares da flora e fauna terrestres. Esse sim seria o verdadeiro motivo de nossa visita!


Logo ao chegar, fila. Em frente ao L’As, um concorrente gritava no intuito de esclarecer aos turistas que fallafel é um prato também feito por outros (inclusive ele) e que não haveria necessidade de enfrentar tamanha fila, uma vez que seu restaurante dispunha de mesas e espaço suficientes para acomodar-nos. O argumento era bom e talvez o fallafel fosse ainda melhor que o de seu concorrente, mas turista normalmente não usa a razão e segue somente aquilo que disseram que ele teria de fazer.

Ao empunhar o fallafel, o primeiro desafio – equilibrá-lo, enquanto partes caíam no chão e evitar que minha cara se pintasse de todas as cores componentes dos molhos e ingredientes ali dispostos. Enquanto elogiava o sanduíche para a Bianca, pedaços de berinjela eram sentidos na ponta do nariz e a gola branca da camisa já assumia uma cor indefinida. Resumo: fantástico! Um belo exemplar da comida de rua, tão tosco e delicioso como ela deve ser. Despertando vagas lembranças de nosso querido X-Tudo, o fallafel manda a etiqueta às favas e faz com que parisienses, ingleses e brasileiros assumam sua verdadeira natureza primata. A linguagem do prazer é universal.

Pierre
  

1 - Lenda ou não, o músico teria afirmado sua predileção pelo lugar.

Um comentário: