Além de despertar devaneios
maliciosos no coração de homens, mulheres e transgêneros, Lenny Kravitz¹
responde ainda pelo aumento considerável da renda mensal de uma família judaica,
proprietária de um restaurante chamado L’As
du Fallafel, situado à 34 Rue des Rosiers, Marais, Paris.
Quando acordei, era um dia frio e
nublado na Cidade Luz. Em nossa programação, conheceríamos um antigo bairro judeu
chamado Marais. A dica era simples: andem pelas ruas e sintam a atmosfera
histórica e charmosa de um bairro reconhecido pela presença marcante da cultura
judaica e em cujas casas a nobreza parisiense se fazia presente, num passado
distante que a poeira tratou de cobrir.
Todavia, o mais importante não
era nem nunca será a nobreza, mas a comida. E nesse bairro localiza-se um dos
maiores representantes do fallafel, um tipo de sanduíche de pão sírio recheado
com todos os exemplares da flora e fauna terrestres. Esse sim seria o
verdadeiro motivo de nossa visita!
Logo ao chegar, fila. Em frente
ao L’As, um concorrente gritava no intuito de esclarecer aos turistas que
fallafel é um prato também feito por outros (inclusive ele) e que não haveria necessidade
de enfrentar tamanha fila, uma vez que seu restaurante dispunha de mesas e
espaço suficientes para acomodar-nos. O argumento era bom e talvez o fallafel
fosse ainda melhor que o de seu concorrente, mas turista normalmente não usa a
razão e segue somente aquilo que disseram que ele teria de fazer.
Ao empunhar o fallafel, o
primeiro desafio – equilibrá-lo, enquanto partes caíam no chão e evitar que
minha cara se pintasse de todas as cores componentes dos molhos e ingredientes
ali dispostos. Enquanto elogiava o sanduíche para a Bianca, pedaços de
berinjela eram sentidos na ponta do nariz e a gola branca da camisa já assumia
uma cor indefinida. Resumo: fantástico! Um belo exemplar da comida de rua, tão
tosco e delicioso como ela deve ser. Despertando vagas lembranças de nosso
querido X-Tudo, o fallafel manda a etiqueta às favas e faz com que parisienses,
ingleses e brasileiros assumam sua verdadeira natureza primata. A linguagem do
prazer é universal.
1 - Lenda ou não, o músico teria afirmado sua predileção pelo lugar.
acho que o Pierre deveria se tornar colaborador permanente do blog, só acho
ResponderExcluir